“Quanto mais subimos na carreira científica menos mulheres cientistas encontramos” | Camila Silveira da Silva
A representatividade feminina bem como da diversidade racial e de identidade de gênero aproxima estudantes do mundo científico. Foto: Arquivo Mulheres e Meninas nas Ciências

A Ciência UFPR conversou com a professora do Departamento de Química da UFPR, Camila Silveira da Silva. A pesquisadora falou sobre os obstáculos que as mulheres ainda encontram no ambiente da produção científica e sobre o trabalho do projeto Meninas e Mulheres nas Ciências (MMC), que coordena.

A professora, que é licenciada em Química pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) onde também cursou mestrado e doutorado em Educação para Ciência, vem estudando as trajetórias das mulheres cientistas, especialmente nas ciências exatas, buscando destacar suas contribuições e estudando as dificuldades que a discriminação de gênero impõe para mulheres nas carreiras científicas, tendo trabalhos também com a temática de museus de ciência e desenvolvimento de materiais didáticos.

Os materiais e atividades desenvolvidas no projeto de extensão já foram adotados em escolas por todo o Brasil. A iniciativa dá visibilidade às trajetórias de mulheres que marcaram a história da ciência, oferecendo formação para professores e atuando na criação de material didático com foco em pesquisadoras de destaque, além de atividades aplicadas diretamente a estudantes tanto de forma presencial quanto online.

O projeto Meninas e Mulheres nas Ciências foi primeiro lugar no prêmio Estratégia ODS que destaca projetos que contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Foto: ODS/Divulgação

A ideia é oferecer uma perspectiva que rompa com o viés masculino que normalmente é dado para o ambiente científico nesse tipo de material, oferecendo uma alternativa que estimule meninas a se interessar pelo campo científico, rompendo com o estereótipo machista prevalecente. A iniciativa também apoia a pesquisa em torno do tema orientando trabalhos de pesquisa na graduação e pós-graduação.

No seu trabalho sobre as trajetórias de mulheres nas ciências exatas o que mais chamou a sua atenção?

Comecei a trabalhar com o tema há mais de 15 anos, com a realização de alguns estudos em materiais didáticos sobre a presença feminina, analisando a relação de alunas e alunos com a educação científica e depois fui desenvolvendo práticas educativas que buscavam promover reflexões sobre as questões de gênero no campo científico. No início, o que mais me chamava a atenção, era o apagamento das mulheres nos materiais didáticos, a dificuldade de elaborar práticas educativas pela falta de referências pedagógicas nas Ciências Exatas, os obstáculos para localizar dados biográficos das cientistas… Conforme fui me envolvendo com algumas leituras, compreendendo melhor o cenário das desigualdades de gênero nas Exatas, passei a atuar mais diretamente com as mulheres cientistas, as já atuantes na carreira e aquelas em processo de formação acadêmica, realizando diversas ações e pesquisas. Nestes casos, o que eu passei a notar foi a naturalização que elas tinham incorporado em suas práticas profissionais dos processos de exclusão de mulheres, da violência e discriminação de gênero ao partilharem suas trajetórias de vida e acadêmica.

Quais os principais obstáculos que as mulheres precisam enfrentar para se tornarem pesquisadoras?

A falta de incentivo, muitas vezes, vinda da família, da escola e de outros espaços sociais, desencorajando que meninas/mulheres estudem e/ou ingressem no espaço acadêmico. A desvalorização e os boicotes que mulheres cientistas passam, como ideias sendo apropriadas indevidamente por colegas homens de maior prestígio, a falta de apoio financeiro para realizarem seus projetos de pesquisa, vinda de processos que privilegiam a meritocracia, desconsideram as cientistas-mães.

Ainda há muita discriminação nos meios de pesquisa? De que tipo?

Os trabalhos liderados por mulheres, em diversas ocasiões, são menos valorizados que aqueles que contam com liderança masculina. São em menor número: as citações de mulheres em artigos, teses, dissertações; as aprovações de projetos com financiamento; as conferências principais nos congressos; a composição nas bancas de concursos; as bolsas de produtividade em pesquisa; a presidência de sociedades científicas; etc. Há, ainda, laboratórios, grupos de pesquisa, orientadoras(es) que não aceitam trabalhar com mulheres, ou se aceitam, as discriminam por seu gênero. A lista das situações de discriminação de mulheres na pesquisa científica é imensa.

Atividades como o “Bingo das Cientistas” leva a história de mulheres de destaque nas ciências para as salas de aula. Foto Arquivo Meninas e Mulheres nas Ciências

As mulheres já são maioria em praticamente todos os níveis educacionais, mesmo na pós-graduação, mas quando observamos posições de liderança nos meios acadêmicos e entre os docentes, há quantidade desproporcional de homens. Poderia falar das causas desse desequilíbrio?

Temos áreas acadêmicas nas quais as mulheres ainda são minoria em todos os segmentos. E há países em que meninas e mulheres não possuem liberdade de escolha para estudar e ocupar espaços acadêmicos. E quando analisamos os cargos de liderança, mesmo nas áreas em que as mulheres são maioria na graduação e na pós-graduação, notamos o efeito tesoura: quanto mais subimos na carreira científica menos mulheres cientistas encontramos. As causas desse desequilíbrio se devem a diversos fatores como sexismo, machismo, racismo, patriarcado, os papéis sociais de gênero, que vão estruturando um modelo de carreira científica a partir de padrões que excluem e subalternizam as mulheres.

Como a questão de gênero impacta a produção científica? O que estamos perdendo com essa discriminação contra a mulher?

A qualidade e o avanço da produção científica são fortemente impactados com a falta de representatividade feminina, com a ausência da diversidade na Ciência. Estamos perdendo a capacidade de produzir novos conhecimentos, de desenvolver outras metodologias de estudo, de lançar novos olhares para os mesmos problemas.

Você teve alguma experiência pessoal como estudante ou pesquisadora relacionada ao tema que levou a trabalhar o tema da desigualdade de gênero?

Decidi trabalhar com o tema por questões que sempre me incomodaram e que explicitavam os preconceitos e injustiças sociais. Não existe nenhuma mulher, em nenhum lugar social, que não tenha passado por uma situação de assédio, violência, discriminação de gênero Ter suas ideias/pesquisas atribuídas a homens; ser interrompida em reuniões por homens para dizerem a mesma coisa que você e levarem os créditos pelo posicionamento quanto ao assunto debatido; ter que provar sua competência técnica, com maior dedicação, quando se é muito mais qualificada para uma vaga que um colega homem; responder a perguntas sobre vida pessoal (maternidade, casamento, relacionamento afetivo) em processos seletivos/concursos; mudar seu modo de falar, de se vestir, de se comportar para performar como o modelo padrão de um cientista homem; ouvir comentários sexistas em aulas/laboratórios de pesquisa, apresentações orais; etc. Estes são alguns exemplos de situações vividas por mulheres cientistas.

Você já se interessava pela ciência quando criança, como isso influenciou na sua trajetória?

Sempre fui muito curiosa, bastante questionadora e reflexiva sobre as situações que observava, sou desde criança, motivada em buscar respostas e tentar resolver as injustiças sociais. Com certeza, esse incômodo e essa indignação com as injustiças sociais, me moveram, junto a outras mulheres, a propor um projeto que pudesse agir na nossa esfera de atuação profissional.

Projeto explora atividades lúdicas já conhecidas dos estudantes para trabalhar a trajetória de mulheres que se destacaram no campo científico. Foto: Arquivo Meninas e Mulheres nas Ciências

Poderia contar um pouco como o projeto Meninas e Mulheres na Ciência surgiu? Quem idealizou, quem esteve envolvido e como chegaram nesse formato?

A equipe do Meninas e Mulheres nas Ciências já vinha realizando ações sobre o tema, bem antes mesmo dele existir de modo institucionalizado como projeto de extensão. Diante de tudo que tínhamos mapeado sobre o tema, nas ações realizadas anteriormente, consideramos fundamental registrar um projeto de extensão na UFPR para marcar este espaço na instituição, diante da relevância dos assuntos e dos resultados que já vínhamos notando e dos dados produzidos. Assim, em 2019, fizemos a submissão da proposta para a Proec [Pró-reitoria de Extensão e Cultura] e o projeto passou a vigorar em fevereiro de 2020. A equipe inicial contava com professoras e estudantes de Graduação e de Pós-Graduação do Setor de Ciências Exatas da UFPR, sob minha liderança. Mas com a disseminação do projeto nas diferentes mídias, a partir do Livro de Passatempos sobre as Mulheres Cientistas do Coronavírus que lançamos em maio de 2020, a equipe rapidamente foi ampliada, abrigando pessoas de outros Setores da UFPR, e de outras instituições. O formato que trabalhamos vem da experiência acumulada da equipe no campo da Educação e Divulgação Científica.

“Outra experiência que gosto de compartilhar é de várias alunas negras, de uma escola pública periférica do Distrito Federal, querendo tirar fotografias com os desenhos de cientistas negras que elas estavam colorindo e dizendo o quanto elas se pareciam com elas, com suas mães e irmãs”

Poderia contar sobre como são as atividades do projeto, quem vocês atendem, como foi a criação dos produtos e também a recepção?

O Meninas e Mulheres nas Ciências atende públicos diversos por meio de atividades específicas para perfil de comunidade atendida. Há trabalho sendo realizado com estudantes de Educação Básica, Técnica e Superior, com atuação da equipe em escolas, universidades, institutos federais, realizando atividades educativas para a promoção da equidade de gênero e divulgação científica. Temos também produzido conteúdos para as redes sociais, alcançando o público para além das instituições educativas, chegando em pessoas que não possuem formação acadêmica. Atuamos também na formação inicial e continuada de professoras(es), ofertando cursos, oficinas e palestras. A equipe realiza pesquisas científicas sobre o tema, contando com orientações de Iniciação Científica, TCC, Mestrado Acadêmico, Mestrado Profissional e Doutorado, gerando produções especializadas. Nossos materiais e conteúdos já foram acessados em todos os Estados brasileiros e em mais de 50 países. Escolas de todos os Estados brasileiros já adotaram nossos livros de passatempos em suas atividades educativas. Temos dialogado com pessoas de diversas regiões, fortalecendo a rede de mulheres cientistas e de divulgadoras de ciência. Nossos produtos já foram pauta em diversos canais midiáticos, atingindo milhares de pessoas. Recebemos, com grande frequência, relatos de experiências sobre o uso dos nossos materiais, assim como também o relato de experiências de vida de meninas e mulheres que se sensibilizaram e passaram por transformações importantes a partir da pauta que trabalhamos.

Um dos focos do projeto é trazer histórias inspiradoras de mulheres cientistas ao conhecimento do público. Dentre essas mulheres qual foi uma inspiração pessoal para você e por quê?

Eu tomei contato com a história de vida da cientista Bertha Lutz antes de ingressar na Universidade, e isso me marcou bastante, pelo fato dela atuar em uma perspectiva política em prol dos direitos das mulheres, ter se interessado por temas que eu também gostava muito, o que me marcou muito. Depois, já no primeiro ano do Curso de Licenciatura em Química, tomei contato com as contribuições de Marie Curie e com as situações de discriminação e violências de gênero que ela viveu. Elas foram as que me impulsionaram, mas depois eu fui me inspirando em minhas professoras cientistas da Unesp e de outras Universidades, que passei a conhecer e admirar. E com o Meninas e Mulheres nas Ciências, a lista de cientistas inspiradoras aumentou.

Marie Curie foi a primeira mulher a receber um prêmio Nobel, uma das mais importantes cientistas da história é uma das inspirações da pesquisadora Camila Silveira da Silva, veja a página do projeto dedicada a ela. Ilustração: Marcelo Jean Machado.

Como o contato com a ciência desde a vida escolar pode influenciar crianças e adolescentes para seguir seu caminho como cientista ou mesmo como interessados pelas ciências de modo geral?

A escola é um dos principais espaços de educação, de formação e de socialização. Um espaço que transforma vidas. E, por toda a importância que a escola tem na vida das pessoas, defendo que tenhamos uma educação científica que seja inclusiva, antirracista, feminista. Que as práticas educativas docentes sejam atentas e atuantes neste sentido. Temos que garantir condições para a realização dessas práticas de educação científica, pois é na escola que crianças e adolescentes tomarão contato com o conhecimento científico sistematizado e os seus valores sociais.

E como o contexto de desigualdade de gênero afeta essa questão para as meninas, o que é importante para que elas possam se interessar mais quando a representação do cientista é geralmente masculina?

É fundamental que as meninas sejam motivadas com exemplos positivos de mulheres cientistas, encorajadas em seus sonhos pela escola e familiares, e tenham as condições para que possam seguir seus estudos. Os materiais didáticos precisam de diversos exemplos de mulheres cientistas, as alunas necessitam ter contato com as cientistas e com o ambiente de produção da ciência protagonizado por mulheres, participar de ações de educação e de divulgação científica. A mídia também tem papel central nos modelos de cientistas que dissemina, necessitando ampliar e valorizar a diversidade de pessoas que são convidadas para as entrevistas, na imagem usada em uma matéria etc.

Você tem alguma experiência pessoal no projeto nas escolas que acha interessante contar para exemplificar?

Eu realizo atividades do MMC todas as semanas e coleciono momentos emocionantes. Me sensibilizou muito a fala de uma estudante transgênero, em uma atividade que realizamos de modo remoto em uma escola pública do interior de São Paulo, dizendo o quanto ela estava se sentindo valorizada e reconhecida em sua existência, ao tratarmos da vida e obra de duas cientistas transgênero na atividade que realizávamos com um Bingo das Cientistas que produzimos. Outra experiência que gosto de compartilhar é de várias alunas negras, de uma escola pública periférica do Distrito Federal, querendo tirar fotografias com os desenhos de cientistas negras que elas estavam colorindo e dizendo o quanto elas se pareciam com elas, com suas mães e irmãs. Em uma escola de Educação Infantil, uma aluna, depois de realizar as atividades com os quebra-cabeças e jogo da memória, me disse que nunca mais ia deixar as pessoas falarem que as meninas são menos inteligentes que os meninos, pois ela havia ganhado todas as partidas em seu grupo e era a única menina. Tem também o relato de colegas cientistas que sempre dizem o quanto naturalizavam as discriminações, violências de gênero por não terem o conhecimento e as reflexões sobre a temática. E as diversas estudantes de Graduação e de Pós que se empoderaram ao protagonizarem as ações do MMC. São os resultados que fazem com que continuemos a agir, apesar de todos os obstáculos que insistem em colocar no nosso caminho.

“No Brasil, precisamos avançar também em políticas públicas de ampliação da quantidade de museus de ciências e de manutenção das instituições existentes”

Um dos focos do projeto é criar material didático para tornar as atividades mais atrativas. Como isso impacta o interesse de crianças e adolescentes?

Os materiais educativos que produzimos no Meninas e Mulheres nas Ciências contribuem para despertar o interesse do público pela história de vida e pelos feitos das cientistas que divulgamos. Também têm como objetivo abordar os problemas e as causas da desigualdade de gênero no campo científico. Optamos por adotar a perspectiva da ludicidade nos materiais, por considerarmos que assim teríamos condições atingir e engajar o nosso público. Optamos pela linguagem dos jogos e passatempos que circulam entre diferentes perfis de pessoas e já estão bem estabelecidos em seus cotidianos, como é o caso das palavras-cruzadas, dos caça-palavras, jogos da memória, quebra-cabeça e outros. Os materiais se tornam convidativos e, assim, conseguimos criar as condições para tratarmos do tema.

Qual o papel dos museus de ciência para a valorização e disseminação científica?

Os museus de ciências são instituições fundamentais para a promoção da cultura científica, atuando de modo protagonista nos processos de educação, formação, popularização e divulgação científica. As experiências vividas nos museus contribuem com o entendimento sobre o processo de produção do conhecimento científico, com a valorização da ciência e as práticas científicas, disseminando temas científicos de um modo que busca engajar o público e despertar o interesse da população. Ainda, colaboram com a educação patrimonial, por meio de práticas educativas centradas em objetos, aparatos e conhecimentos científicos e tecnológicos que possuem valor histórico e cultural. No Brasil, precisamos avançar também em políticas públicas de ampliação da quantidade de museus de ciências e de manutenção das instituições existentes.

“Como inspirar jovens para as Ciências se o campo científico continuar sendo sexista, racista, elitista, excludente? Como despertar o interesse de crianças e jovens se não temos boas condições de trabalho nas escolas? Essas reflexões precisam gerar ações e políticas públicas que tornem a carreira científica atrativa para as(os) jovens”

Sendo um personagem chave na nossa formação escolar, como preparar professoras e professores para atrair mais os estudantes para os temas de ciências e quais as especificidades do ensino de exatas?

É difícil resumir e pontuar o processo de formação inicial e continuada de professoras(es) que trabalham com o ensino das disciplinas classificadas no campo das exatas. E não cabe somente ao corpo docente essa tarefa de atrair jovens para o campo científico. Precisamos considerar o sistema como um todo, necessitando de incentivo por meio de políticas públicas, boas condições de trabalho, valorização da carreira científica e docente. Como atrair jovens para as Ciências se tivermos ataques constantes e desmonte da Ciência Brasileira? Como inspirar jovens para as Ciências se o campo científico continuar sendo sexista, racista, elitista, excludente? Como despertar o interesse de crianças e jovens se não temos boas condições de trabalho nas escolas? Essas reflexões precisam gerar ações e políticas públicas que tornem a carreira científica atrativa para as(os) jovens. As(os) professoras(es) são formadas(os) nos cursos de Licenciatura que, na maioria das instituições universitárias, contam com pouco apoio e são desvalorizados. A formação docente nas Licenciaturas é estratégica para o desenvolvimento de uma nação soberana, para a educação de qualidade da população brasileira, incluindo a educação científica. O ensino de exatas exige compreensões teóricas e práticas do campo específico das áreas (Química, Física, Matemática) e do campo pedagógico. Esta formação altamente especializada é protagonizada por pesquisadoras(es) no campo do Ensino de Ciências, uma área científica que ainda merece maior atenção, investimento e ampliação de contratação nos cursos de Licenciatura, para que formemos professoras(es) com nível de excelência para atuarem nas escolas de Educação Básica.

Que mensagem você deixaria para pesquisadoras, meninas e mulheres que tem encontrado dificuldades em suas trajetórias por conta da violência de gênero e discriminação?

Fortaleçam-se em redes, busquem trabalhar com mulheres que te acolham, que te empoderem e te apoiem em suas decisões. Denunciem as opressões/discriminações/violências sofridas e busquem pelas instâncias e pessoas que possam te auxiliar neste sentido. Não aceitem que te impeçam de sonhar e de realizar seus sonhos.

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