Uma equipe do Laboratório de Biodiversidade, Conservação e Ecologia de Animais Silvestres (Labceas) do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) publicou um artigo que mostra um registro da espécie Myrmecophaga tridactyla, conhecida como tamanduá-bandeira, no Parque Estadual das Lauráceas. O parque fica em áreas montanhosas da Serra do Mar, no município de Adrianópolis, no Paraná.
Os pesquisadores Fernando de Camargo Passos, Raphael Mello, Camila Lima, Itiberê Bernardi, Luiz Varzinczak, Michel Mello e Emiliana Isasi Catalá são os autores do artigo “The Vulnerable giant anteater Myrmecophaga tridactyla: new records from the Atlantic Forest highlands and an overview of its occurrence in protected areas in Brazil“, publicado pela revista Oryx.
A equipe conseguiu registrar, usando uma armadilha fotográfica, dois aparecimentos do tamanduá em duas oportunidades: em julho de 2013 e dezembro de 2014.
A espécie, ameaçada de extinção no Brasil, já é considerada extinta em países como Costa Rica, Guatemala e Uruguai. Os principais motivos para isso são a dieta específica (formigas), baixa taxa de reprodução e necessidade territorial. O tamanduá-bandeira enfrenta dificuldades para se locomover dentro do espaço de que necessita devido às rodovias que cortam parques e florestas (atropelamentos são frequentes) e aos incêndios.
Como o último aparecimento no Rio Grande do Sul ocorreu em 1999 e não há consenso sobre registros em Santa Catarina, a pesquisa pode definir o novo limite Sul da distribuição da espécie em áreas protegidas no Brasil.
Registro indica necessidade de estudos sobre a conservação da espécie na Mata Atlântica
De acordo com o artigo, é histórica a escassez de pesquisas sobre a conservação do tamanduá-bandeira no Brasil. A maioria das análises de distribuição geográfica da espécie, densidade e habitat, é de áreas do Pantanal e do Cerrado.
O estudo abre a possibilidade para que pesquisas como estas sejam feitas também em áreas da Mata Atlântica, como é o caso do Parque das Lauráceas. Outro aspecto relevante é a revisão da ocorrência da espécie em unidades de conservação no país.
O Parque Estadual das Lauráceas é a maior área de Mata Atlântica totalmente protegida no Paraná. Os pesquisadores apontam que, considerando as pressões ambientais da região por meio do extrativismo ilegal, a conservação de uma grande área como esta se torna fundamental para a sobrevivência da espécie na região Sul do Brasil.