Revoadas, frenético bater de asas, companhia de outros galanteadores durante o cortejo. O comportamento inusitado dos pássaros foi observado na Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba, e nos Mananciais da Serra, em Piraquara, entre 2016 e 2018.

Os autores dos registros são Pedro Henrique Lima Ribeiro, estudante do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR); Lilian Tonelli Manica, coordenadora do Laboratório de Ecologia Comportamental e Ornitologia (Leco) da UFPR, vinculado ao Setor de Ciências Biológicas; e Elaine Day, pesquisadora da University of Mississippi, professora visitante na UFPR em outubro de 2019 pelo Programa de Internacionalização (PrInt) da Capes na UFPR.

Os estudos devem levantar mais informações sobre como os tangarás usam a sua dança na seleção de parceiros.

A coleta das imagens faz parte do projeto de doutorado de Pedro, cujo objetivo é entender como o ambiente onde ocorrem as danças — poleiros no meio da floresta —influencia a propagação da vocalização e a visibilidade dos machos. O pesquisador, biólogo mestre em Zoologia pela UFPR, também investiga como os machos de tangarás sincronizam e coordenam a dança, combinando os movimentos dos voos com consistência ao longo do tempo. De acordo com Lilian, professora do Departamento de Zoologia da UFPR e orientadora do estudo, as novas informações acessadas pela observação das imagens ainda não foram publicadas e devem ser apresentadas em artigos científicos.

“O apoio do programa Capes PrInt forneceu evidências de comportamentos surpreendentes de C. caudata e expôs diferenças em sinais motores aparentemente semelhantes entre espécies da família Pipridae que mudam nossa compreensão de como o comportamento evolui. Além disso, a bolsa me permitiu descobrir os incríveis alunos do Paraná e ter uma maravilhosa experiência instrucional com o departamento”, afirma Elaine, doutora em Neurociência Comportamental pela Universidade do Texas. A docente é membro da Manakin Genomics RNC, rede de colaboração internacional para o estudo de aspectos genômicos a ecossistêmicos da evolução dessas aves.

Produção audiovisual do laboratório chama a atenção

A produção científica e o expertise em observação têm feito do laboratório um parceiro de projetos de audiovisual. A equipe do Leco ofereceu asses­­­­­­soria técnica à produtora inglesa Silverback Filmes em 2017 e ajudou a localizar os tangarás para as filmagens do documentário “Our Planet”, exibido pela Netflix. Também mediou o contato com a Reserva Natural Salto Morato, onde ocorreram as gravações.

No segundo semestre de 2019, pesquisadores do laboratório da UFPR promoveram no local uma reunião científica com interessados de diversas partes do mundo que trabalham com a família Pipridae. A reserva é reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Natural da Humanidade.

“Ficamos dias trabalhando intensamente, discutindo projetos, pesquisas, artigos, materiais de divulgação sobre essas espécies e estabelecendo colaborações. Lá é o local do tangará e de outras aves da família: tangarazinho [Ilicura militaris] e rendeira [Manacus manacus]. As três espécies de uma das famílias mais chamativas da Mata Atlântica”, explica a coordenadora, bióloga e doutora em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB).

📖 Publicado originalmente na edição 6, ano 4, da Revista Ciência UFPR (2020).
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