Colaboração ou conflito: pesquisa busca entender comportamento social na pandemia Questionário divulgado pelo Setor de Ciências da Saúde e pelo Grupo de Pesquisa em Sociologia da Saúde da UFPR aborda percepção de risco do brasileiro sobre a Covid-19
Intenção é verificar o nível de conhecimento sobre a Covid-19 e adesão às medidas de prevenção à infecção. Foto: Zhugher/Pixabay

Enquanto o número de casos registrados e de mortes por covid-19 segue avançando no Brasil, uma pesquisa realizada por uma equipe da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tenta enxergar a pandemia com uma lupa diferente: a do comportamento social e da compreensão da população sobre os impactos das medidas de distanciamento na contenção da doença. O trabalho, desenvolvido pelas professoras do Setor de Ciências da Saúde e do Grupo de Pesquisa em Sociologia da Saúde, Rubia Carla Formighieri Giordani e Milene Zanoni e pela pesquisadora Camila Muhl, coleta dados de todo o país por meio de um questionário (responda aqui).

Em uma semana, o grupo coletou mais de sete mil respostas em todas as regiões do Brasil, com variações de escolaridade e estrato social. A hipótese, segundo explica Rubia, é de que a percepção de risco relacionada à doença interfira no comportamento social durante a pandemia e nas medidas de contenção adotadas como políticas públicas.

São as medidas individuais, domésticas, comunitárias e ambientais que têm sido empregadas na contenção da pandemia.

Rubia Giordani, professora do Departamento de Nutrição e coordenadora do estudo 

O estudo também acompanha um momento bastante peculiar, de agravamento do cenário brasileiro, propondo-se a investigar as crenças de saúde e percepções de risco que condicionam o comportamento social.

“O comportamento é regido por normas e sistemas sociais e culturais extremamente complexos e a sua compreensão para a extração de fatores pragmáticos pode ser útil para gestores públicos na abordagem adequada de aspectos críticos no controle da epidemia”, explica. A pesquisadora destaca que a intenção é verificar o nível de conhecimento sobre a covid-19 e adesão às medidas de prevenção à infecção.

Um fator de interesse está ligado justamente ao formato do questionário: por ser online e fornecer respostas em tempo real, é possível contrastar a variação das percepções com o cenário epidêmico em cada uma das regiões. A interiorização da doença, que cada vez mais se espalha por cidades de pequeno e médio porte, também fica registrada a partir do que os cidadãos indicam como respostas. O questionário está dividido em três eixos: modelos de crença, escala do medo e nível de informação e conhecimento sobre o contágio e a doença.

Comportamentos diários estão no foco do estudo. Foto: Roksana Helscher/Pixabay
Comportamentos diários estão no foco do estudo. Foto: Roksana Helscher/Pixabay

“Esta combinação entre informação, percepção e medo proposta pelo questionário tem o objetivo de coletar dados capazes de fornecer evidências para o planejamento de ações em saúde”, explica a professora. “São as medidas individuais, domésticas, comunitárias e ambientais que tem sido empregadas na contenção da pandemia”, aponta, citando a questão do distanciamento e outras estratégicas não farmacológicas como parte desse contexto.

Estratégias sanitárias dependem de adesão popular

“Mas precisamos destacar que essas estratégias dependem substancialmente da adesão das pessoas e da mudança de comportamento para conter a disseminação da infecção”, reforça Rubia. A pesquisadora avalia que as informações levantadas pelo estudo podem orientar decisões políticas mais coordenadas com base em evidências científicas, bem como direcionar campanhas de cuidados preventivos e mensagens de campanhas de saúde.

Por conta dessas peculiaridades, o estudo contém questões que buscam informações sociodemográficas, estado da federação e tamanho da cidade em que os respondentes residem, além do nível de escolaridade, tipo de ocupação e renda familiar, prática/identificação religiosa e habitabilidade, incluindo tamanho do domicílio, quantas pessoas co-habitam e se a casa possui morador com comorbidade para agravamento da infecção, além de criança, idoso ou profissional da saúde no domicílio. Os resultados serão analisados por meio da estatística e da teoria em Sociologia da Saúde.

Publicado originalmente no Portal da UFPR (www.ufpr.br).
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